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30out / 2015

Custo de energia passa a ser 2ª maior despesa de supermercados

 

Quarta-feira, 10 de junho de 2015

Por Luciana Bruno

SÃO PAULO (Reuters) – Os supermercados brasileiros estão adotando ou acelerando projetos de eficiência energética após os aumentos das contas de eletricidade desde o fim do ano passado, que já afetaram os resultados do primeiro trimestre.

Estimativas de associações do setor indicam que os custos com energia elétrica passaram a ser a segunda maior despesa em algumas redes supermercadistas, superando aluguel e só atrás da folha de pagamento.

As empresas não detalham nos balanços os custos com energia, mas no Grupo Pão de Açúcar, maior do país, a despesa com vendas, gerais e administrativas, que inclui eletricidade, subiu 16,8 por cento no primeiro trimestre na comparação anual.

Segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBCV), a conta de energia elétrica das redes subiu até 40 por cento desde o fim de ano passado.

    “Como essa despesa chega a representar 1 por cento do faturamento do supermercado, um aumento de até 40 por cento tem impacto de 0,4 por cento”, disse o presidente da SBCV, Eduardo Terra. “Isso é monstruoso”, completou.

No Estado de São Paulo, a despesa média com energia subiu de 0,9 por cento do faturamento dos supermercados no ano passado para 1,7 por cento este ano, de acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas), superando os gastos com aluguel, que respondem por de 1 a 1,5 por cento do faturamento. “Foi a primeira vez que isso aconteceu”, disse Erlon Ortega, vice-presidente da associação.

O preço da energia elétrica, após uma série de reajustes por conta da seca que afetou os reservatórios das hidrelétricas, acumula alta no ano até maio de 41,9 por cento e, em 12 meses, de 58,5 por cento, segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

No varejo, os supermercados são os que mais consomem energia, já que, além de computadores, iluminação e ar condicionado, vendem produtos refrigerados, que demandam muita energia.

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Diante desse cenário, o GPA criou um grupo de trabalho para cuidar do tema nas lojas Extra e Pão de Açúcar. Algumas iniciativas já adotadas incluem o uso de lâmpadas mais econômicas, o fechamento de balcões de refrigeração para evitar que o frio se dissipe no ambiente e a automação da refrigeração e do ar condicionado.

A expectativa é que os projetos reduzam em até 25 por cento o consumo de energia nos hipermercados do grupo nos próximos trimestres.

    “Paralelamente, a empresa intensificou a rotina de análise e mensuração do consumo para identificar possíveis não conformidades e tomar medidas imediatas”, disse o GPA em nota.

A atacadista Assaí, também do grupo GPA, já instalou portas em ilhas de refrigeração de 16 lojas e está em processo instalação em outros 11 estabelecimentos. Também está monitorando lojas remotamente para detectar equipamentos que mais consomem energia. A meta é chegar a uma economia de cerca de 10 por cento até dezembro.

A maior demanda dos supermercados por projetos de eficiência energética tem sido notada por fornecedores de equipamentos e consultorias especializadas.

Segundo Paula Campos, gerente do Grupo Safira, que dá consultoria no setor, grande parte dos investimentos estão sendo feitos para reduzir a dependência das distribuidoras de energia. “São projetos de geração, seja de gás natural ou solar”, disse.

A empresa está negociando contratos com duas grandes redes de supermercados, mas não citou nomes. “Como o valor da tarifa aumentou, o retorno do investimento desses projetos vêm mais rápido”, disse Paula.

No horários de pico, o GPA tem usado geradores próprios, instalados em 80 por cento das lojas do grupo.

A fabricante de equipamentos Weg também está em negociação com duas redes de shoppings centers –com supermercados dentro– em São Paulo para instalar projetos de eficiência energética.

“No primeiro quadrimestre, os pedidos de ações de eficiência energética superaram largamente os de 2014”, disse o chefe da área de eficiência energética da Weg, Leandro Ávila, referindo-se a projetos para indústria e comércio.

O comércio brasileiro em geral consumiu 3 por cento a mais de energia no mecado livre nos primeiros cinco meses do ano ante o mesmo período de 2014, de acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.

WAL-MART

O Wal-Mart vem acelerando os projetos de eficiência energética desde 2013, com a instalação sistemas de ar-condicionado mais eficientes, troca de iluminação por lâmpadas de LED e instalação de portas nos balcões de refrigeração.

Além de prosseguir com esse trabalho, o Wal-Mart estuda instalar painéis solares em algumas lojas.

Em 2014, a adoção de medidas visando reduzir o consumo energético pela refrigeração, que representa até 40 por cento dos gastos com energia, resultou em redução média de 9,64 por cento no consumo desse sistema, segundo o Wal-Mart. E a economia com iluminação foi de cerca de 27 por cento com as lâmpadas LED.

“Com ambas as iniciativas, a empresa conseguiu atingir uma redução de consumo de 18 por cento” no ano passado, completou a rede varejista.

(Reportagem adicional de Luciano Costa de Paula)

 Fonte: Reuters Brasil

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