As filas quilométricas que se formaram na porta da loja de departamentos Forever 21 escancaram: o brasileiro quer pagar mais barato por suas compras. Ainda não se sabe se os preços muy amigos da varejista se sustentarão no mercado brasileiro, mas a vinda da marca deu margem a um questionamento. Por que pagamos tão caro em roupas no Brasil?
Há duas semanas, o Banco BTG Pactual divulgou o “Índice Zara”, que mediu o preço de uma cesta de 14 produtos vendidos pela varejista espanhola em 22 países. O Brasil foi o mais caro. No total, o pacote saiu a R$ 2.812,56 (U$S 1.280), 21% superior ao que é nos Estados Unidos (R$ 2.315,65) e 41,6% acima do valor na Espanha (R$ 1.641,67), país sede da empresa.
Especialistas apontam para os impostos para explicar o problema. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o cliente que paga R$ 100 em uma calça jeans desembolsa R$ 38,53 somente em impostos. Para roupas, em geral, a média é de 34,67%.
Outros itens populares entre o público feminino, como maquiagens e bijuterias, também sofrem taxações elevadas. O diretor do Instituto de Estudos em Marketing Industrial, Marcelo Prado, explica que a produção nacional têxtil é especialmente afetada por nosso sistema tributário porque tem uma cadeia de produção dividida em diversas etapas.
“Para chegar ao produto final, você passa pela fibra, o fio, o tecido, e isso acumula um efeito cascata de impostos bem agressivo. O setor têxtil carrega um ônus maior que a siderurgia, por exemplo, porque a cadeia de produção é mais longa”, afirma.
Segundo o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, o ideal seria que a taxação só fosse aplicada no produto final. “Nos Estados Unidos, o imposto corresponde a 8% do preço da roupa”, afirma Pimentel.
Desde agosto do ano passado, a Abit pressiona o governo a adotar regime especial de tributação para o setor. No entanto, até agora não houve resposta positiva.
Varejo apela para a importação
Diante do alto custo da produção interna no setor de moda, a alternativa do varejo tem sido a importação. Estima-se que grandes empresas brasileiras do setor importem de 20% a 25% de seus produtos. Paralelamente a isso, redes estrangeiras têm investido no país, inundando ainda mais as lojas com produtos vindos de fora, principalmente da China.
Apesar de saírem do país asiático a preço de banana, esses itens também são bastante onerados ao chegar ao Brasil, o que explica por que dois produtos que saem da China são vendidos com valores diferentes aqui e nos Estados Unidos, por exemplo. Somente a taxa de importação corresponde a 35% do valor da peça. O relatório do BTG Pactual mostra que um jeans importado encarece 77% após a incidência do tributo de importação, Cofins e ICMS, entre outros.
Demais fatores que compõem o chamado “custo Brasil” também elevam os gastos das empresas que aportam no país. Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), de 2013, mostra que um bem manufaturado nacional é, em média, 34,2% mais caro que um similar importado dos principais parceiros comerciais.
Nessa conta entram, além da tributação, o custo do capital de giro, da energia e matérias primas, além da infraestrutura e da logística. “Não é só a roupa que é cara. Se você comprar um carro ou eletrônico, também será mais caro aqui”, afirma Fernando Pimentel.
FONTE: O DIA
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